DIA 2
Da mesma forma que terminei a crónica do dia 1, começo a crónica do dia 2.
Neste dia estava previsto percorrer 96Km com 3684 Mts de acumulado de subidas.
Este gráfico era assustador.
A partir de Vide começa-se logo a subir, 7 km em que se passa dos 300m para os 950m. Na companhia do Pedro Rainho, fomos subindo passo a passo, literalmente :-).
Passamos no Monte do Colcurinho, Barreiras e começamos a descer para o Piódão.
Esta paisagem é muito bonita e o Piódão merece o epíteto de Aldeia Presépio.
A subida do Piódão para o Picoto da Cebola foi muito duro, grande parte do caminho foi feito a pé. Paisagens fantásticas com 1 descida fabulosa a meio da subida. Depois a segunda parte do percurso a subir continuou dura.
Deixei de gostar de eólicas.
Lá no alto o Picoto da Cebola e mais eólicas.
Aqui começava a descida até São Jorge da Beira, através do Vale das Minas da Panasqueira que chegou a ter mais de 10000 postos de trabalho e existem cerca de 6000 km de túneis escavados.
Atrás e lá em cima estava o Pinoco do Alto da Cebola mas o cansaço e o atraso era tanto que já nem tive vontade em conhecer.
Comecei a descida e fui abusando, abusando e abusando que, já na parte final, a chegar à Sra do BTT, tive um furo. A sorte foi o Pedro Raínho estar perto e ter ajudado a consertar com material e força, que já era pouca, para encher pneus. Arrancamos de novo e nem andei sequer 100m novo furo, já sem material para reparação disse ao Pedro para continuar que eu teria que arranjar uma solução.
Ao telefone com o Joaquim, da organização, foi consensual assumir que o atraso já era muito, o cansaço demais, a sede foi diminuída pela água fresca que brotava na Senhora do BTT (local de peregrinação da malta do BTT aqui da zona), a fome estava a aparecer e a motivação tinha levado uma grande machadada. Ainda faltavam cerca de 50km para acabar a etapa com mais acumulado do que o que já tinha feito!!! 41km com 1971m de acumulado de subidas era dose.
Assim colocamos a bike no Jipe do Joaquim e rumamos até Unhais o Velho para aguardar o Pedro Raínho, para decidir se continuava ou, pelo atraso, encurtava a etapa.
Em Unhais o Velho, mais precisamente em Portela de Unhais, o Joaquim tinha almoçado no Restaurante Pôr do Sol. Com a descrição dos pratos já tinha toda a minha atenção, mas quando lá chegamos, disse-me para ir comer alguma coisa.
Quando entrei lá estava o dono e perguntei se tinha algo para comer. Pedi logo um fino, para hidratar e ouvi atentamente a descrição do que lá havia.
Entre a descrição ele diz:
"...Quente, só se for feijão com couve, que foi o prato do dia!
Feijão com couve? O que é?
-Prato típico daqui.
Pode ser.
Quando chegou o prato...
SEM PALAVRAS...
Estava a salivar por todos os lados.
No final e já com praticamente tudo comido, deixei 3 ou 4 elementos deste faustoso prato. O dono olha para mim e diz:
-Você comeu pouco!!
Enquanto esperávamos pelo Pedro fui tratando de arranjar o pneu da bicicleta. O Joaquim tinha uma verdadeira oficina na traseira do Jipe e lá montei uma câmara de ar com liquido e dei uma câmara de ar nova ao Pedro.
Para o dia seguinte estava já preparado.
De seguida o Pedro ainda fez mais cerca de 20km e parou numa zona de recolha combinada com o Paulo Novo, que estava a dar apoio aos participantes dos 8 dias.
Conversa puxa conversa, amigos comuns, já que o Paulo é do Vasconha que organiza o Enduro de Vouzela, mas além disso gostos comuns, Santa Cruz the Bike. O Paulo nuter um gosto pelas Santas que tem 3 em casa, sendo a última uma Stigmata, uma Bike de Ciclocrosse. Linda!!
Assim nos transportou para Castelo Novo. Aqui foi engraçada a forma como tomamos banho já que usamos casas particulares para o banho e dormimos num salão no meio da Aldeia. Castelo Novo é lindíssimo.
Para o 3º dia estava preparada uma etapa de 86 km mas com uma altimetria mais acessível.