domingo, 27 de outubro de 2019

THE CASTLE QUEST - DAY 2

DIA 2

Da mesma forma que terminei a crónica do dia 1, começo a crónica do dia 2.
Neste dia estava previsto percorrer 96Km com 3684 Mts de acumulado de subidas.
Este gráfico era assustador.


A partir de Vide começa-se logo a subir, 7 km em que se passa dos 300m para os 950m. Na companhia do Pedro Rainho, fomos subindo passo a passo, literalmente :-).














 Passamos no Monte do Colcurinho, Barreiras e começamos a descer para o Piódão.
Esta paisagem é muito bonita e o Piódão merece o epíteto de Aldeia Presépio.









A subida do Piódão para o Picoto da Cebola foi muito duro, grande parte do caminho foi feito a pé. Paisagens fantásticas com 1 descida fabulosa a meio da subida. Depois a segunda parte do percurso a subir continuou dura.









Deixei de gostar de eólicas.


Lá no alto o Picoto da Cebola e mais eólicas.




Aqui começava a descida até São Jorge da Beira, através do Vale das Minas da Panasqueira que chegou a ter mais de 10000 postos de trabalho e existem cerca de 6000 km de túneis escavados.


Atrás e lá em cima estava o Pinoco do Alto da Cebola mas o cansaço e o atraso era tanto que já nem tive vontade em conhecer.


 Comecei a descida e fui abusando, abusando e abusando que, já na parte final, a chegar à Sra do BTT, tive um furo. A sorte foi o Pedro Raínho estar perto e ter ajudado a consertar com material e força, que já era pouca, para encher pneus. Arrancamos de novo e nem andei sequer 100m novo furo, já sem material para reparação disse ao Pedro para continuar que eu teria que arranjar uma solução. 

Ao telefone com o Joaquim, da organização, foi consensual assumir que o atraso já era muito, o cansaço demais, a sede foi diminuída pela água fresca que brotava na Senhora do BTT (local de peregrinação da malta do BTT aqui da zona), a fome estava a aparecer e a motivação tinha levado uma grande machadada. Ainda faltavam cerca de 50km para acabar a etapa com mais acumulado do que o que já tinha feito!!! 41km com 1971m de acumulado de subidas era dose. 



Assim colocamos a bike no Jipe do Joaquim e rumamos até Unhais o Velho para aguardar o Pedro Raínho, para decidir se continuava ou, pelo atraso, encurtava a etapa.
Em Unhais o Velho, mais precisamente em Portela de Unhais, o Joaquim tinha almoçado no Restaurante Pôr do Sol. Com a descrição dos pratos já tinha toda a minha atenção, mas quando lá chegamos, disse-me para ir comer alguma coisa.


Quando entrei lá estava o dono e perguntei se tinha algo para comer. Pedi logo um fino, para hidratar e ouvi atentamente a descrição do que lá havia.


Entre a descrição ele diz:
"...Quente, só se for feijão com couve, que foi o prato do dia!
Feijão com couve? O que é?
-Prato típico daqui.
Pode ser.
Quando chegou o prato...


SEM PALAVRAS...
Estava a salivar por todos os lados.
No final e já com praticamente tudo comido, deixei 3 ou 4 elementos deste faustoso prato. O dono olha para mim e diz:
-Você comeu pouco!!
Enquanto esperávamos pelo Pedro fui tratando de arranjar o pneu da bicicleta. O Joaquim tinha uma verdadeira oficina na traseira do Jipe e lá montei uma câmara de ar com liquido e dei uma câmara de ar nova ao Pedro.
Para o dia seguinte estava já preparado.
De seguida o Pedro ainda fez mais cerca de 20km e parou numa zona de recolha combinada com o Paulo Novo, que estava a dar apoio aos participantes dos 8 dias.
Conversa puxa conversa, amigos comuns, já que o Paulo é do Vasconha que organiza o Enduro de Vouzela, mas além disso gostos comuns, Santa Cruz the Bike. O Paulo nuter um gosto pelas Santas que tem 3 em casa, sendo a última uma Stigmata, uma Bike de Ciclocrosse. Linda!!
Assim nos transportou para Castelo Novo. Aqui foi engraçada a forma como tomamos banho já que usamos casas particulares para o banho e dormimos num salão no meio da Aldeia. Castelo Novo é lindíssimo.









Para o 3º dia estava preparada uma etapa de 86 km mas com uma altimetria mais acessível.



quinta-feira, 10 de outubro de 2019

THE CASTLE QUEST - DAY 1

DIA 1

Da mesma forma que terminei a crónica do dia 0, começo a crónica do dia 1.
Neste dia estava previsto percorrer 98Km com 2432 Mts de acumulado de subidas.
Olhando para o gráfico não era assustador mas 98 Km para quem costuma andar apenas 25 por dia, mete respeito.



A saída de Sortelha fez-se pela porta nova do Castelo. Tínhamos uma descida em calçada romana que me fez delirar e pensar que ia ser sempre assim. Não, não era sempre assim, mas a etapa até Belmonte fez-se de uma forma simples.
Chegados a Belmonte encontramos o primeiro selo.
Para resumir o percurso de 4 dias ia passar em 6 Castelos, cada Castelo tinha um Baú com selos que completavam a caderneta que nos permitia ser elevados a Cavaleiros.




A Cruz em Pau, réplica da que foi levada para o Brasil, por Pedro Álvares Cabral.


Ali ao lado está o Panteão dos Cabrais.


A Praia Fluvial de Valhelhas, zona balnear bem tratada e com um espaço verde muito bonito. Antes desta zona já tínhamos passado por umas vinhas onde estavam os donos que além do bom dia, convidaram a provar as uvas, que apresentavam já uma boa maturidade.
Peguei num bago e rapidamente o dono me disse,
-Olhe estas! Estas é que são boas!
Eu satisfeito com as que tinha na mão, doces e saborosas respondi,
-Estas são muito boas.
-Para quem não percebe são! - resposta pronta do dono da vinha.
Nem disse mais nada e peguei no cacho que ele apontava.
Imaginem o sabor a moscatel, quando trincava aquelas uvas, era o sabor que ficava a latejar na boca. O homem tinha razão, quando não provamos o melhor, o bom é excelente.


A partir daqui as dificuldades aumentavam subidas mais longas com paisagens arrebatadoras.



No final desta subida descíamos até ao Vale da Amoreira, onde aconteceu a primeira peripécia.
Vendo que, tanto eu como o António, colega conhecido na noite anterior e que me acompanhou nos primeiros Km's desta etapa, estávamos secos e a precisar de um estímulo, paramos num café para beber um fino.
Aqui aproveitamos também para abastecer água e o António pediu uma garrafa para encher os bidons. A senhora, muito simpaticamente, disse que a água da torneira era boa e que não precisávamos de estar a gastar dinheiro. Aceitamos a sugestão e então peguei no bidon, que tinha sais, pedi para encher.
Diz a senhora:
-Não tem aqueles produtos esquisitos?
Eu - Naahh! É só pó com sais.
A senhora pega no bidon e sacode o pó para a banca e enche o bidon com água!!!!
Ela ainda me fez o favor de tirar o pó do bidon.


Singletraks fantásticos na zona do Skiparque, o António a sofrer com descidas técnicas e subidas também elas técnicas.





Singletraks que me faziam sorrir




Moinhos e bosques, com tanto divertimento e beleza natural a Santa Cruz tinha que fazer alguns alongamentos!!!!


A Manteigas, chegávamos por um Bosque de Castanheiros na encosta nascente.





Manteigas tinha subidas de respeito.



A chegar às Penhas Douradas, aqui já me tinha arrependido de ter continuado. Os últimos km's foram percorridos com caímbras e muitas dores. A água tinha sido reabastecida pelo Joaquim, que tinha já a viatura ocupada com um de nós, o Pedro Rainho, já desidratado e com caímbras nos dedos mindinhos, estava fora da etapa ao km 45.


Chegávamos assim à Casa da Fraga.


Serra da Estrela: a incrível Casa da Fraga



Serra da Estrela: a incrível Casa da Fraga 

De uma casa cresceu uma terraParece estranho mas não é: muito provavelmente, as Penhas Douradas, lá do alto dos seus 1500 metros, não seriam nada não fosse a Casa da Fraga existir. Ou pelo menos não seriam aquilo que são agora.Tudo começou com uma expedição organizada pela Sociedade de Geografia de Lisboa à Serra da Estrela. O objectivo era nobre: fundar sanatórios que, como já era feito noutros países, como por exemplo a Suíça, pudessem curar doenças de foro pulmonar.Daí se concluiu haver condições climatéricas, na encosta norte da serra, antes de chegarmos ao seu topo, para um tratamento bem sucedido às patologias. Sousa Martins, crente nos estudos optimistas que vários cientistas davam aos ares da Serra da Estrela, enviou para lá um dos seus doentes, Alfredo César Henriques, que sofria de tísica pulmonar, que construiu uma casa lindíssima camuflada na paisagem natural que a envolvia.
Quando cheguei à casa das Fragas, realmente vi aquelas casas inseridas na rocha, mas estava muito cansado e cheio de dores que já não consegui ter capacidade para parar e fotografar. Agora ao ler a história resolvi colocar aqui a história e as imagens, que não são minhas.

Chegávamos ao Vale do Rossim com paisagens fantásticas.



A represa do Vale Rossim.




Aqui encontrava de novo o Joaquim que me conduziu ao novo paraíso

Ti Branquinho


Aqui o abastecimento foi em grande



Sabugueiro




A aldeia mais alta de Portugal.











Nossa Sra do Desterro, depois de passar o Museu Natural da Eletricidade de Seia, que tem uma história digna de ser contada:

Museu Natural da Electricidade de Seia

A 6 km da cidade de Seia, a 800 m de altitude, num local particularmente agradável, nas margens do rio Alva, está instalado o Museu Natural da Electricidade.
Trata-se da Central da Senhora do Desterro, uma das mais antigas centrais hidroeléctricas de Portugal, fruto da iniciativa de um grupo de industriais locais, que viram nas características hídricas da serra da Estrela um potencial energético que designaram por hulha branca.
Tendo sido a primeira central do Aproveitamento Hidroeléctrico da Serra da Estrela, inaugurada a 26 de Dezembro de 1909, marcou o início de actividade da Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela (EHESE) e permitiu que, nessa data, a energia eléctrica chegasse a Seia pela primeira vez.
Concebido pelo industrial António Marques da Silva foi construído, ao longo de seis décadas, um sistema de centrais hidroeléctricas em cascata, que percorrem altitudes entre os 400 e os 1600 metros e que têm os seus caudais regulados no Verão com as águas da Barragem da Lagoa Comprida, entre outras.
1907 foi o ano em que se iniciou a construção deste primeiro aproveitamento hídrico (Central da Senhora do Desterro), dos quatro existentes sobre o rio Alva. Seguiu-se-lhe em 1919 a da Ponte de Jugais, em 1937 a de Vila Cova e, mais tarde, a do Sabugueiro, empreendimentos que representaram um importante papel no desenvolvimento da electrificação regional.

Com ampliações sucessivas, a central da Senhora do Desterro, manteve-se em actividade até 1994 e, através de uma parceria entre a EDP e o Município de Seia, abriu ao público no dia 11 de Abril de 2011 transformada num espaço de fruição de memória que remonta, pois, aos primórdios da exploração da energia eléctrica em Portugal.




Praia da Lapa dos Dinheiros.



A Praia Fluvial Lapa dos Dinheiros convidava a um mergulho, a hora é que já era adiantada e o corpo já não ajudava muito.



A partir daqui acabaram-se as fotos. O cansaço era demais e a vontade de chegar a Vide era grande. 
Faltavam apenas 14 km's pela rota, para o destino e tomou-se a decisão de seguir por estrada, eram menos 3 km's e já começava a escurecer, sem lanternas era difícil fazer o percurso.
Assim foi uma maluqueira a descer com inclinações superiores a 10%, atingiam-se velocidades engraçadas. Rapidamente chegamos a Vide para um banho retemperador.

Restaurante na Bomba de Gasolina da Ribeira a 3,3km de Vide, tinha uma posta fabulosa e a sobremesa era tipo um arroz doce mas feito com carolo do milho, que se chama papas de carolo.

Um resumo do meu Strava:


Para o dia 2 um pequeno aperitivo.