DIA 1
Da mesma forma que terminei a crónica do dia 0, começo a crónica do dia 1.
Neste dia estava previsto percorrer 98Km com 2432 Mts de acumulado de subidas.
Olhando para o gráfico não era assustador mas 98 Km para quem costuma andar apenas 25 por dia, mete respeito.
A saída de Sortelha fez-se pela porta nova do Castelo. Tínhamos uma descida em calçada romana que me fez delirar e pensar que ia ser sempre assim. Não, não era sempre assim, mas a etapa até Belmonte fez-se de uma forma simples.
Chegados a Belmonte encontramos o primeiro selo.
Para resumir o percurso de 4 dias ia passar em 6 Castelos, cada Castelo tinha um Baú com selos que completavam a caderneta que nos permitia ser elevados a Cavaleiros.
A Cruz em Pau, réplica da que foi levada para o Brasil, por Pedro Álvares Cabral.
Ali ao lado está o Panteão dos Cabrais.
A Praia Fluvial de Valhelhas, zona balnear bem tratada e com um espaço verde muito bonito. Antes desta zona já tínhamos passado por umas vinhas onde estavam os donos que além do bom dia, convidaram a provar as uvas, que apresentavam já uma boa maturidade.
Peguei num bago e rapidamente o dono me disse,
-Olhe estas! Estas é que são boas!
Eu satisfeito com as que tinha na mão, doces e saborosas respondi,
-Estas são muito boas.
-Para quem não percebe são! - resposta pronta do dono da vinha.
Nem disse mais nada e peguei no cacho que ele apontava.
Imaginem o sabor a moscatel, quando trincava aquelas uvas, era o sabor que ficava a latejar na boca. O homem tinha razão, quando não provamos o melhor, o bom é excelente.
A partir daqui as dificuldades aumentavam subidas mais longas com paisagens arrebatadoras.
No final desta subida descíamos até ao Vale da Amoreira, onde aconteceu a primeira peripécia.
Vendo que, tanto eu como o António, colega conhecido na noite anterior e que me acompanhou nos primeiros Km's desta etapa, estávamos secos e a precisar de um estímulo, paramos num café para beber um fino.
Aqui aproveitamos também para abastecer água e o António pediu uma garrafa para encher os bidons. A senhora, muito simpaticamente, disse que a água da torneira era boa e que não precisávamos de estar a gastar dinheiro. Aceitamos a sugestão e então peguei no bidon, que tinha sais, pedi para encher.
Diz a senhora:
-Não tem aqueles produtos esquisitos?
Eu - Naahh! É só pó com sais.
A senhora pega no bidon e sacode o pó para a banca e enche o bidon com água!!!!
Ela ainda me fez o favor de tirar o pó do bidon.
Singletraks fantásticos na zona do Skiparque, o António a sofrer com descidas técnicas e subidas também elas técnicas.
Singletraks que me faziam sorrir
Moinhos e bosques, com tanto divertimento e beleza natural a Santa Cruz tinha que fazer alguns alongamentos!!!!
A Manteigas, chegávamos por um Bosque de Castanheiros na encosta nascente.
Manteigas tinha subidas de respeito.
A chegar às Penhas Douradas, aqui já me tinha arrependido de ter continuado. Os últimos km's foram percorridos com caímbras e muitas dores. A água tinha sido reabastecida pelo Joaquim, que tinha já a viatura ocupada com um de nós, o Pedro Rainho, já desidratado e com caímbras nos dedos mindinhos, estava fora da etapa ao km 45.
Chegávamos assim à Casa da Fraga.
De uma casa cresceu uma terraParece estranho mas não é: muito provavelmente, as Penhas Douradas, lá do alto dos seus 1500 metros, não seriam nada não fosse a Casa da Fraga existir. Ou pelo menos não seriam aquilo que são agora.Tudo começou com uma expedição organizada pela Sociedade de Geografia de Lisboa à Serra da Estrela. O objectivo era nobre: fundar sanatórios que, como já era feito noutros países, como por exemplo a Suíça, pudessem curar doenças de foro pulmonar.Daí se concluiu haver condições climatéricas, na encosta norte da serra, antes de chegarmos ao seu topo, para um tratamento bem sucedido às patologias. Sousa Martins, crente nos estudos optimistas que vários cientistas davam aos ares da Serra da Estrela, enviou para lá um dos seus doentes, Alfredo César Henriques, que sofria de tísica pulmonar, que construiu uma casa lindíssima camuflada na paisagem natural que a envolvia.
Quando cheguei à casa das Fragas, realmente vi aquelas casas inseridas na rocha, mas estava muito cansado e cheio de dores que já não consegui ter capacidade para parar e fotografar. Agora ao ler a história resolvi colocar aqui a história e as imagens, que não são minhas.
Chegávamos ao Vale do Rossim com paisagens fantásticas.
Chegávamos ao Vale do Rossim com paisagens fantásticas.
A represa do Vale Rossim.
Aqui encontrava de novo o Joaquim que me conduziu ao novo paraíso
Ti Branquinho
Aqui o abastecimento foi em grande
Sabugueiro
A aldeia mais alta de Portugal.
Nossa Sra do Desterro, depois de passar o Museu Natural da Eletricidade de Seia, que tem uma história digna de ser contada:
Museu Natural da Electricidade de Seia
A 6 km da cidade de Seia, a 800 m de altitude, num local particularmente agradável, nas margens do rio Alva, está instalado o Museu Natural da Electricidade.
Trata-se da Central da Senhora do Desterro, uma das mais antigas centrais hidroeléctricas de Portugal, fruto da iniciativa de um grupo de industriais locais, que viram nas características hídricas da serra da Estrela um potencial energético que designaram por hulha branca.
Tendo sido a primeira central do Aproveitamento Hidroeléctrico da Serra da Estrela, inaugurada a 26 de Dezembro de 1909, marcou o início de actividade da Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela (EHESE) e permitiu que, nessa data, a energia eléctrica chegasse a Seia pela primeira vez.
Concebido pelo industrial António Marques da Silva foi construído, ao longo de seis décadas, um sistema de centrais hidroeléctricas em cascata, que percorrem altitudes entre os 400 e os 1600 metros e que têm os seus caudais regulados no Verão com as águas da Barragem da Lagoa Comprida, entre outras.
1907 foi o ano em que se iniciou a construção deste primeiro aproveitamento hídrico (Central da Senhora do Desterro), dos quatro existentes sobre o rio Alva. Seguiu-se-lhe em 1919 a da Ponte de Jugais, em 1937 a de Vila Cova e, mais tarde, a do Sabugueiro, empreendimentos que representaram um importante papel no desenvolvimento da electrificação regional.
Com ampliações sucessivas, a central da Senhora do Desterro, manteve-se em actividade até 1994 e, através de uma parceria entre a EDP e o Município de Seia, abriu ao público no dia 11 de Abril de 2011 transformada num espaço de fruição de memória que remonta, pois, aos primórdios da exploração da energia eléctrica em Portugal.
Trata-se da Central da Senhora do Desterro, uma das mais antigas centrais hidroeléctricas de Portugal, fruto da iniciativa de um grupo de industriais locais, que viram nas características hídricas da serra da Estrela um potencial energético que designaram por hulha branca.
Tendo sido a primeira central do Aproveitamento Hidroeléctrico da Serra da Estrela, inaugurada a 26 de Dezembro de 1909, marcou o início de actividade da Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela (EHESE) e permitiu que, nessa data, a energia eléctrica chegasse a Seia pela primeira vez.
Concebido pelo industrial António Marques da Silva foi construído, ao longo de seis décadas, um sistema de centrais hidroeléctricas em cascata, que percorrem altitudes entre os 400 e os 1600 metros e que têm os seus caudais regulados no Verão com as águas da Barragem da Lagoa Comprida, entre outras.
1907 foi o ano em que se iniciou a construção deste primeiro aproveitamento hídrico (Central da Senhora do Desterro), dos quatro existentes sobre o rio Alva. Seguiu-se-lhe em 1919 a da Ponte de Jugais, em 1937 a de Vila Cova e, mais tarde, a do Sabugueiro, empreendimentos que representaram um importante papel no desenvolvimento da electrificação regional.
Com ampliações sucessivas, a central da Senhora do Desterro, manteve-se em actividade até 1994 e, através de uma parceria entre a EDP e o Município de Seia, abriu ao público no dia 11 de Abril de 2011 transformada num espaço de fruição de memória que remonta, pois, aos primórdios da exploração da energia eléctrica em Portugal.
Praia da Lapa dos Dinheiros.
A Praia Fluvial Lapa dos Dinheiros convidava a um mergulho, a hora é que já era adiantada e o corpo já não ajudava muito.
A partir daqui acabaram-se as fotos. O cansaço era demais e a vontade de chegar a Vide era grande.
Faltavam apenas 14 km's pela rota, para o destino e tomou-se a decisão de seguir por estrada, eram menos 3 km's e já começava a escurecer, sem lanternas era difícil fazer o percurso.
Assim foi uma maluqueira a descer com inclinações superiores a 10%, atingiam-se velocidades engraçadas. Rapidamente chegamos a Vide para um banho retemperador.
Restaurante na Bomba de Gasolina da Ribeira a 3,3km de Vide, tinha uma posta fabulosa e a sobremesa era tipo um arroz doce mas feito com carolo do milho, que se chama papas de carolo.
Um resumo do meu Strava:
Restaurante na Bomba de Gasolina da Ribeira a 3,3km de Vide, tinha uma posta fabulosa e a sobremesa era tipo um arroz doce mas feito com carolo do milho, que se chama papas de carolo.
Um resumo do meu Strava:
Para o dia 2 um pequeno aperitivo.
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